quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Inimigo íntimo – Parte 2


Não basta conhecer, tem que fazer melhor (ou igual).

Qual das duas é a Kyosho?


Fala maníacos! Vimos no post passado que nada é por acaso, e a Kyosho começou na escala 1:64 não só por vislumbrar um mercado que achava ser capaz de atuar, mas por perceber a oportunidade que estava perdendo. Vimos também que por incrível que pareça, ela está mais ligada a outras marcas do que podemos imaginar.
Dividi o post em 2 por que seria extenso demais ler sobre o mesmo assunto. O restante da analise você acompanha agora.
Um dos mistérios mais recentes do colecionismo mundial é: Se a Mattel é a única que pode produzir Ferraris, como a Kyosho pode? E como conseguiram “burlar” o contrato? Nesse caso, a Mattel cedeu a possibilidade da Kyosho produzir modelos na escala 1:64 da marca italiana usando um artifício inteligente e original: os modelos tem que ser “montáveis”, não podem vir prontos, como os Hot Wheels. A marca japonesa criou uma espécie de “mini plastimodelismo”, simples, mas que segue as regras do contrato firmado anteriormente e de certa forma agrada há alguns colecionadores que gostam de “mexer” ou “personalizar” sua miniatura. Claro que a Mattel não iria dar nada de mão beijada: A Kyosho, em troca, conseguiu que a marca americana produzisse modelos da japonesa, antes licença exclusiva da marca japonesa.
Outro ponto interessante em torno dessa troca é que, de certa forma, os produtos não poderiam ser concorrentes diretos. Daí o fato da Kyosho produzir modelos em alto padrão de fidelidade, mas sob quantidade limitada, tornando um produto distinto dos Hot Wheels, de alta produção e quantidade abundante, porém, carentes em detalhes e nem sempre reproduzindo os moldes igual a realidade. Outro ponto importante sobre essa “aliança” é que, de certa forma, nenhuma disputa o mercado da outra. Cada produto tem um publico alvo, e a Kyosho não vende suas minis na Europa ou América, principal mercado da fabricante americana.

Um molde, várias marcas.

Sim, a mini é BBR. Mas quem fez não foi ela. Sabe quem foi? Isso mesmo.

Outro ponto interessante é que, em tempos de globalização, para diminuir custos e possíveis prejuízos, tudo se divide hoje, inclusive as fábricas. A relação da Kyosho não é só estreita com a Mattel, mas com nomes fortes do diecast como BBR, Minichamps, Autoart e Exotto. Naõ só que essas marcas em questão seguiram o mesmo caminho da Mattel e tem seu portfólio vendido e negociado em terras nipônicas pela Kyosho. As marcas não só se utilizam uma das outras para divulgar seus produtos em outros mercados, como utilizam até as mesmas fábricas e fornecedores de matéria-prima. Resultado: mini “gêmeas”, separadas no nascimento apenas pela marca. O primeiro fato que levantou essa suspeita foi a mini em escala 1/18 da BBR, uma Ferrari 430. Os detalhes da mini BBR são tão iguais a da marca japonesa, que muitos colecionadores creditam que a marca japonesa seja responsável pelo molde da marca italiana.
Outro forte indício é a diferença quase imperceptível dos modelos na escala 1/64 das marcas Kyosho, Minichamps e Autoart. Vale salientar que as 3 marcas usam a mesma fábrica na China para produzir seus modelos, e que segundo colecionadores e fóruns mundo afora, faz com as marcas imponham pequenas diferenças entre os modelos para diferencia-los. Contudo, jáé sábido que a Kyosho produziu moldes da Porsche e de outra marca para as duas fabricantes europeias, o que reforça a tese de “um molde, várias marcas”.

É necessário ser profundo conhecer para saber qual é a miniatura da Autoart e qual é da Kyosho? Diferenças tão pequenas que dá sim pra desconfiar.

Para encerrar, gostaria de compartilhar com vocês a felicidade de saber que, diferente da época de ouro do colecionismo (décadas de 50 a 80), aonde para se ter um molde em comum se comprava, muitas vezes só diante da falência ou necessidade financeira da concorrente, essa irmandade forçada de marcas proporciona a nós, colecionadores, um ganho enorme, pois o nivelamento acaba sendo por cima em termos de proporção, qualidade e acabamento, mostrando que as vezes para ganhar, precisamos sim nos aliar. Sozinhos, não chegamos muito longe, nem mesmo na fabricação, venda e colecionismo de miniaturas, pelo que parece, quanto mais no colecionismo. Fica a lição.

#fotos: Google, Swift’s Garage Blog, Mercado Livre e Ebay.

Um comentário:

  1. Na foto dos 911/997 GT3 RS, o modelo da esquerda é Kyosho (possui rodas maiores, maior distância em relação ao solo, não tem as moldurs pretas nos vidros tão pronunciadas). O da Minichamps (direita) tem como principal característica ser mais "socado", como o caro original. Já nas foto dos Carrera GT, novamente o da esquerda é um Kyosho, enquanto que o da direita (Auto Art) possui entradas de ar laterais um pouco menores e interior caramelo, dentre outras diferenças, como a curvatura dos vidros laterais, praticamente retos em cima, no Kyosho. (Danilo Silva)

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